terça-feira, 15 de março de 2011

Desabafo

Eu e minha família estamos profundamente decepcionados com o atendimento dispensado pela Santa Casa de Misericórdia de Maringá no dia 28 de fevereiro deste ano, quando internamos a paciente Hebe Curie de Oliveira.
Minha tia teve um infarto no domingo à noite, na casa de minha mãe. Em pânico, a conduzimos para o hospital mais próximo. No momento do cadastro feito por uma atendente pouco simpática, tivemos que deixar paga a consulta (R$ 100,00). Em poucas horas, ela foi atendida por três médicos diferentes que nos passavam informações vagas. Não fomos autorizados a passar a noite com ela na UTI, deixando-a absolutamente sozinha em seus últimos momentos na terra.
O último médico a tratá-la nos convenceu a não removê-la para outro hospital a fim de fazer o cateterismo, procedimento para o qual já tínhamos conseguido o dinheiro inicial. Talvez o final da história fosse diferente se tivéssemos tentado todas as saídas.
Diante de nossa impotência, fomos para casa. Na manhã seguinte, tivemos a pior notícia que poderíamos receber: perdemos um membro fundamental de nossa pequena e unida família.
No dia seguinte ao enterro, o hospital ligou para cobrar a dívida do internamento. Em seguida, enviou uma carta de cobrança sem sequer dar as condolências.
A insensibilidade foi tamanha que conseguiu aumentar ainda mais a nossa dor.
Nunca mais quero pôr meus pés naquele local, nem mesmo para uma simples consulta. Parece-me que o contato constante com a morte endureceu o coração de boa parte das pessoas que lá trabalham. Ver fisionomias apáticas, cansadas e mal humoradas não ajudam num momento de doença, dor e pesar.
Além da dor da perda, carregamos também a dor do arrependimento, o doído sentimento de ter deixado nossa amada Hebe morrer sozinha, sem atendimento adequado. Que ela, onde quer que esteja, nos perdoe por isso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário